terça-feira, 22 de outubro de 2024

AS PALAVRAS DESENHAM-SE NA PAREDE

As palavras desenham-se na parede.
Não há centro, tudo prolifera.
A vela entre as espinhas.
As palavras ásperas resplandecem.
São as mais nuas feridas,
as mais desertas entre pedras.

O rosto é percorrido por formigas.
Raspado, e luz uma malícia pura.
Um cigarro aqui é mais do que uma estrela.
Um risco mais rápido que um foguete.
E a seara acende-se para além do muro.

António Ramos Rosa de Esplendor Calcinado em Obra Poética Vol. I

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