Farol imóvel. Esquina solitária.
Densa paisagem de uma alma que caminha.
Menina com gabardina rasgada, eu.
Altos luzeiros.
Olho a rua larga que se ilumina.
Ouço a água que cai sobre a vida.
Deixa-me partir.
Chamar-te-ei irmão, amigo, caminhante.
Caminhante chamar-te-ia amor se eu não
soubesse
que prosseguirei o meu rumo
com coração e cara de menino.
Amigo, irmão vou conversar
nos teus braços que tudo abarcam.
Ouve, macho, barcos há cindindo o horizonte.
Terras distantes como moedas velhas.
Tempo para esboroar entre os dedos
Eis a liberdade de que necessito
como uma fruta ácida e redonda.
Deixa-me partir.
Há um caloroso adeus nas minhas mãos.
O vento amar-me-á como a uma criança.
Nenhum outro homem terá o teu sorriso.
Sou o ouriço triste, de tantos esconderijos.
Irei pela tarde contra qualquer certeza.
Alto farol. Esquina solitária.
A minha gabardina rota pinga lá longe.
María Jesús Echevarria em Poemas da Cidade
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