Poemas da Cidade
María Jesús
Echevarría
Tradução: Paulo da
Costa Domingos
Capa: Mariana
Malheiro
Ilustrações: Mariana
Malheiro
Barco Bêbado, Lisboa,
Agosto de 2021
Subpoema
E tu, monte de
trapos.
Boneco, marioneta
de um teatro tristíssimo.
Manipanso
carregado de terrores
seguindo em fila
como um colegial da vida.
E tu, como uma
vara frágil e antiga.
Feito de angústia,
irmão meu.
Assustas-me sempre
que se atiça
essa chispa
fortíssima dos teus olhos,
esse cílio que
incessantemente agitas
e esconde a
delicada amiba do teu espírito.
Sei muito acerca
de ti. Fizeram-te
de um raro
material branco e brilhante,
verteram sobre ele
a aborrecida obrigação
da existência.
Assim, feito de
trapos.
Boneco de
serradura.
Os teus modos
teatrais de papelão
vão ficar em pasta
com a chuva
e morrerás em
lágrimas.
Ainda que também
pudesses morrer de queitude
e somente abrir os
olhos
nas Festas à Vida
dos outros.
Como os altos e
empoeirados monstros
nos esconsos das
nossas catedrais.
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