Oh, como sou ingénuo! Eu a pensar que iria passar uma semana em Marrocos imerso numa religião e cultura diferentes e, afinal, percebi uma vez mais que nada nos separa em lugar nenhum. Como são parecidos todos os humanos, vistam o que vistam, rezem o que rezem, comam o que comam, bebam o que bebam!
Vivemos
todos em função das mesmas ambições, dos mesmos medos e até da mesma moral. O
que há de diferente entre os vendedores que nos tentam vender gato por lebre
num qualquer
bazar de Fez e governantes como Fernando Medina ou ex-jornalistas como Sérgio
Figueiredo?
E
é aqui que entra o pretexto desta crónica, o vinho, bebida necessária para nos
apaziguar com o país e o mundo e que, como se sabe, ainda é feita com uvas.
Chegou finalmente a hora de as colher, esse momento onírico e vital para os
viticultores. Durante dias ou semanas, o mundo cumprir-se-á apenas entre a
vinha e a adega. Em breve tudo será uma saudade, mas, por agora, nem a dureza
do trabalho, nem a maldade do ano, impedirão a grande festa
das vindimas, um parêntesis de alegria no meio de tanta desilusão e
vergonha. Quem quer uma tesoura?
Pedro Garcias Público 20 de Agosto
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