Um domingo de Outono é um óptimo dia para pegar no livro que Álvaro Magalhães escreveu sobre Manuel António Pina, poeta, jornalista, príncipe que foi:
«A ciência autoriza-nos a olharmos para os sonhos como uma espécie de
treino da nossa actividade, ou seja, da capacidade de estabelecer todo o tipo
de ligações surpreendentes. Kierkgaard dizia: dormir é o cúmulo da genialidade.
De facto, quando o tenso córtex pré-frontal desliga, ficamos expostos a uma
abundância de ligações inesperadas e ideias estranhas. A maioria delas não
passa de trapalhada surreal. Mas, se tivermos sorte, encontramos as nossas
respostas a meio da noite. E Pina não duvidava disso. Dizia ele: «Durmo com uma
folha e uma caneta debaixo da almofada e a meio da noite quando me ocorre algo
escrevo à escuras.»
«No fim de contas, o meu trabalho durante o dia é tentar verificar como
é que certas coisas escritas à luz da noite suportam a aluz do dia. É como ver
como é que as namoradas são quando acordam.»
1 comentário:
E que grande livro escreveu o Álvaro Magalhães!
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