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A «Casa Museu de Karen Blixen» foi publicado em 2 de
Março de 2010.
A casa Museu de Karen Blixen fica em Rungsted, numa
lindíssima parte de Copenhaga, a que chamam a riviera dinamarquesa.
Um sossego de paraíso paira pela casa, nos jardins que a circundam, é suave o
cântico dos pássaros que se abrigam pelas árvores. Karen Blixen assim quis. É
por isso que custa, imaginar, que perante tanta beleza, Karen Blixen tenha
passado os últimos anos da sua vida em ódios e vinganças, egoísmos e invejas
com os seus amigos e também com os companheiros de escrita. A amargura de tudo
o que se passou no Nepal -“Tive uma
fazenda em África” - não pode justificar tudo.
Da casa museu de Karen Blixen trouxe dois postais: a secretária no quarto
Ewalds, com a sua máquina de escrever “Corona” e Karen Blixen quando visitou
Nova Iorque.
Sentados a uma mesa, vêem-se Karen Blixen, Arthur Miller, Marilyn Monroe e
Carson McCullers. A fotografia foi tirada no dia 5 de Fevereiro de 1959.
Ao saber que Blixen gostaria de conhecer Marilyn Monroe, McCullers ligou para Arthur Miller, ainda casado com Marilyn, e marcou o almoço.
Blixen tinha 74 anos, e estava muitíssimo debilitada pela sífilis que contraiu em África. Por ser anoréxica, pesava 36 quilos e alimentava-se de ostras que acompanhava com champanhe!
Monroe tinha 33 anos e não conhecia, nem nunca lera, McCullers, tão pouco Blixen. Tinha acabado de filmar "Quanto Mais Quente Melhor" e, as usual, chegou atrasada ao almoço.
As três entenderam-se maravilhosamente, embora Arthur Miller diga que faz parte da lenda, a história de que as três dançaram juntas sobre a mesa de jantar de mármore de Carson McCullers. Riram a bandeiras despregadas quando Marilyn contou que, certa vez, tentara acabar de cozinhar macarrão usando um secador de cabelo.
Por sua vez Blixen disse que Marilyn era "quase que inacreditavelmente bonita," cheia de "uma vitalidade ilimitada" e de "uma inocência incrível"
Karen Blixen morreu em 1962 de inanição, Marilyn Monroe,
no mesmo ano, de overdose ou, segundo outras versões, assassinada a mando do
Clan da família Kennedy. Carson McCullers morreu em 1967 vitimada por um
derrame cerebral. Arthur Miller morreu, de insuficiência cardíaca, em 2005.
Vou, agora, buscar o maravilhoso diálogo que encerra o terceiro capítulo da
“África Minha”, quando o criado Ndwetti fala do voo que Karen Blixen fizera com
Denys:
« — Hoje subiram muito alto. Não vos conseguíamos ver, só ouvíamos o aeroplano
zumbir como uma abelha.
Concordei que andáramos a voar muito alto.
- Viram Deus? - perguntou ele.
- Não, Ndwetti – respondi eu. Não vimos Deus.
- Ah, então é porque não subiram o suficiente. Mas digam-me lá: acham que
conseguem subir o suficiente no seu aeroplano para ver Deus? - perguntou ele dirigindo-se
a Denys.
- Na realidade, não sei - foi a resposta.
- Então - disse Ndwetti - não sei porque é que vocês os dois vão voar.»
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