terça-feira, 7 de janeiro de 2025

CONVERSANDO


Todos os anos guarda o olhar e o sorriso para as primeiras cerejas que aparecem.

Um sonho, com visita habitual, é um bolo de chocolate, encimado por um monte de chantilly, branco como a neve, e no topo um brinco de cerejas bem vermelhas.

Mas agora as andorinhas já não vêm com a Primavera e cerejas já as há por todo o ano, vindas dos mais variados pontos do Globo. Perdeu-se esse gesto simples de esperar pelas primeiras cerejas, quando o melhor da Primavera era estarmos à espera dela.

Lembrar Pablo Neruda: «Quero fazer contigo o que a Primavera faz com as cerejeiras.».

 Coisa bonita, muito mais o que está para além do saber, realmente, o que a Primavera faz às cerejeiras. Uma boa proposta para noites de insónia, melhor do que contar carneirinhos, ou o que quer que seja.

De uma tisana de Ana Hatherly:

«Quando eu era criança do que eu mais gostava era de cerejas».

O tempo em que havia um ritmo certo para as estações, e sentíamos nas mãos o bater do coração de uma cereja. Lamentávamos, então, o quanto efémero era o tempo das cerejas. Contudo nos últimos anos, em tempo de Natal, também é tempo de cerejas. Já há alguns dias, provenientes do Chile, da Argentina, e a 15,00 euros o quilo.Mas foi uma das suas extravagâncias natalícias. A avó dizia-lhe que mais vale um gosto do que quatro vinténs. Mas alguém há-de murmurar: com tanta gente a passar fome!…

Sem comentários: