sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

PASSEI O RIO QUE TORNOU ATRÁS

Passei o rio que tornou atrás,

se acaso é certo o que Camões nos diz,

em cuja ponte um bando de aguazis

registam tudo quanto a gente traz.

 

Segue-se um largo. Em frente dele jaz

longa fileira de baiúcas vis.

Cigarro aceso, fumo no nariz,

é como a companhia ali se faz.

 

A cidade por dentro é fraca rês;

as moças põem mantilhas e andam sós,

têm boa cara, mas não têm bons pés.

 

Isto, coifas de prata e de retrós,

e a cada canto um sórdido marquês,

foi tudo quanto vi em Badajoz.

 

Nicolau Tolentino em Sátiras

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