Sátiras
Nicolau Tolentino
Selecção,
Prefácio e Notas de Rodrigues Lapa
Colecção Textos
Literários
Seara Nova
Editora, Lisboa, 1960
Nesta cansada, triste, poesia
vedes, Senhor, um povo pertendente,
que aborrece o que estima toda a gente:
que é ter no mundo cargos e valia.
Sobre alto trono há anos que regia
de dócil povo turba obediente;
mas quer antes sentar-se humildemente
num banco da Real Secretaria.
Qual modesto capucho reverendo,
que, em fim de guardiania trienal,
passa a porteiro, as chaves recebendo,
Em mim conheço vocação igual:
e co’a mesma humildade hoje pertendo
passar de mestre
a ser oficial.
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