sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

FIM DE VERÃO

A angústia que nasce num dia de verão

pode bem ser fugidio nevoeiro

a esvair-se no tempo da sua promessa

e a dizer-nos com força que não temos razão

 

em duvidar da vida e da nossa presença

junto à terra e ao mar, aqui nestas areias

onde o tempo afinal nem começa nem pensa

e o sol tudo apaga em qualquer estação.

 

Eu lembro Ruy Belo no final deste verão,

mas a vida larguei aqui por esta praia

e o reencontro fez-se contida paixão

com o verso a fluir e a vida tão escassa…

 

A angústia que nasce num dia de verão

é do tempo e da terra uma só comunhão.

 

Luís Filipe Castro Mendes em Poemas Reunidos

Sem comentários: