Numa das suas primeiras sessões, a direcção da Associação Portuguesa de Escritores, deliberou constituir um grupo de trabalho que pormenorizasse a história da destruição da Sociedade Portuguesa de Escritores.
Desconheço se esse projecto veio a ter concretização.
Continuo a pensar que a destruição da Sociedade Portuguesa de Escritores, nos seus mais sórdidos meandros, é uma história por fazer.
Desde o primeiro momento se tornou claro que, a atribuição do Prémio de Novelistica a Luandino Vieira, funcionou como o pretexto de que Salazar necessitava, não só para encerrar a Sociedade Portuguesa de Escritores como a destruição, por parte de um grupelho de pides e legionários, não só das instalações como de todo o património histórico e cultural que nela existia .
Tinha 20 anos por ocasião deste miserável crime.
Os documentos que aqui comecei a colocar, apenas têm o intuito de revelar um dossier de recortes que fui recolhendo, com muitas omissões, possivelmente imprecisões, ao longo dos tempos. Lembrar algo que, porventura, alguns tenham esquecido e outros desconhecem por completo.
No topo do post, a ilustração mostra a capa do primeiro número de “Loreto 13”, revista literária da Associação Portuguesa de Escritores.
Publicada em Janeiro de 1978, custava 40$00 e tinha como directora Maria Velho da Costa que, com estas palavras, fazia a apresentação da revista:
“Os lugares de intervenção especificamente literária escasseiam. O autor português, porém, após um relativo silêncio que muitos confundiram com vazios e outros sabiam ser escrever no chão e deixar-se inscrever pelas paixões da rua nesse texto que entoámos todos do post-25 de Abril, volta agora com relativa frequência aos livreiros. Mas os espaços colectivos onde debater, propor, expor, dar presença aos novos e estímulo aos de sempre, quase não há – poucas páginas literárias, apenas uma revista de periodicidade larga, outra mais que incerta.
Quanto à periodicidade e certezas desta, garantimos o que podemos – garanti-la aos sócios e público enquanto durara a verba e o mandato, lançá-la aberta a toda a escrita de qualidade, legá-la como coisa viva a quem depois de nós vier ocupar o espaço já rodado – LORETO 13.
Sempre é um endereço.”
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