terça-feira, 25 de maio de 2010

SOCIEDADE PORTUGUESA DE ESCRITORES (07)

Aproveitando aquela floresta de enganos que ficou conhecida na história como “primavera marcelista”, Urbano Tavares Rodrigues escreveu no “República” de 28 de Outubro de 1968, um artigo em que falava da “urgente necessidade do restabelecimento da Sociedade Portuguesa de Escritores.”

O apelo teve eco e os escritores mobilizaram-se para que voltassem a ter uma casa que os representasse.

A 13 de Março de 1970 o “Diário De Lisboa” noticiava:

“Cerca de 125 escritores presentes (ou representados) numa reunião, ontem à noite, realizada na Casa do Alentejo, aprovaram unanimemente, na generalidade, o projecto de estatutos da Associação de Escritores Portugueses (ou Associação Portuguesa de Escritores: a escolha ficou deferida para final). “

Em 28 de Setembro de 1972 o “República” noticiava:

“A novel Associação Portuguesa de Escritores, cuja criação foi agora autorizada por despacho do Ministro da Educação Nacional, nasce ao fim de três anos de esforços e cerca de treze meses volvidos sobre a Assembleia-geral que determinou a sua formação. Nos fins prosseguidos sucede à Sociedade Portuguesa de Escritores, dissolvida em 1965”O escritor Manuel Ferreira diria:
“Foi ganha a penas a primeira batalha”.Na tarde de 13 de Abril de 1973, no 13º Cartório Notarial de Lisboa, à Rua das Portas de Santo Antão, quinze sócios oficializaram a fundação da Associação Portuguesa de Escritores.

A 7 de Junho desse mesmo ano, eram eleitos os primeiros corpos gerentes da Associação Portuguesa de Escritores.

Direcção:
Presidente: José Gomes Ferreira
Vice-Presidente: Manuel Ferreira
Vogais: Casimiro de Brito, José Saramago, Maria Velho da Costa, Pedro Tamen e Rogério Fernandes
Suplentes
Álvaro Guerra, António Modesto Navarro, Gastão Cruz, Isabel da Nóbrega, Maria Alberta Meneres, Maria Amélia Neto e Nuno Júdice
Assembleia-geral
Presidente: Sophia de Mello Breyner Andresen
Vice-Presidente: Alexandre Babo
Vogais: E.M. de Melo e Castro e Fernando Assis Pacheco
Suplentes: Eduardo Prado Coelho e Maria Isabel Barreno
Conselho Fiscal
Presidente: Faure da Rosa
Vogais: João Rui de Sousa e Mário Ventura
Suplentes: Armando da Silva Carvalho e Vasco Miranda

A 14 de Junho de 1973, em cerimónia realizada na Casa da Imprensa, tomavam posse, para o triénio 1973-1975, os Corpos Gerentes da Associação Portuguesa de Escritores.

“Devo declarar que considero a aceitação do cargo em que fui agora empossado o primeiro acto verdadeiramente poético da minha vida.”, disse José Gomes Ferreira no seu discurso de tomada de posse.

Só um poeta ousaria ser presidente de uma associação sem sede, sem dinheiro, sem nada.
A sede da Associação situou-se na Rua do Loreto, num 2º andar, bem por cima do velho piolho que toda a Lisboa conhecia: o "Loreto"

2 comentários:

filhote disse...

Tenho a ideia de que o Babo era amigo do meu avô João. Lembro-me de ouvir esse nome...

Sammy, o paquete disse...

Devia ser com toda a certeza, caro Filhote.
Era seis anos mais velho que o teu avô. Dramaturgo, jornalista, fez parte do MUD,lutador contra a ditadura de Salazar e Caetano. DEixou registos e episódios dessa luta num livro a que chamou "Recordações de Um Caminheiro". Vou buscá-lo e coloco aqui a capa.
Nasceu no Porto mas vivia em Cascais onde veio a morrer em
2007. Muitas vezes se terão encontrado ali pela Linha, não esquecendo que o Fernando Lopes Graça vivia na Parede.
Anda tudo ligado.
Um abraço