sábado, 16 de março de 2013

COISAS EXTINTAS OU EM VIAS DE...


Pelos idos de Março do ano de 1975 começaram a aparecer, em jornais e revistas, o anúncio que revelava que, em breve, sairia para as bancas um novo jornal.
O seu nome era precisamente Jornal Novo.
O primeiro número saíu no dia 17 de Abril de 1975 e tinha, como director, o cronista, dramaturgo e romancista Artur Portela Filho que, antes e depois do 25 de Abril, manteve uma coluna no República intitulada A Funda.
Criado para combater aquilo a que determinados sectores chamavam gonçalvismo, foi perdendo espaço à medida que a acalmia se ia instalando no país.
O último número do Jornal Novo saíu no dia 29 de Setembro de 1979.
Foram também seus directores Proença de Carvalho, Helena Roseta, Torquato da Luz
Anos mais tarde, Artur Portela Filho explicou como nasceu o Jornal Novo:
Trabalhava na altura numa agência de publicidade que tinha como cliente a CIP, dirigida por Vasco Mello, Morais Cabral e Carlos Robalo. Sugeri-lhes que se criasse um diário, diário porque os acontecimentos sucediam-se em catadupa, que defendesse uma democracia de tipo ocidental para o país. Mostraram interesse. Convidei o historiador Vitorino Magalhães Godinho para director mas surgiram problemas. Depois contactei o Eduardo Lourenço, que não tinha disponibilidade. Eu próprio assumi o cargo. O José Sasportes era o chefe de redação, o Francisco Agarez o director da publicidade, o Luís Duran o autor do grafismo. Saímos sem dinheiro, sem estrutura. A administração não deu os apoios de que necessitávamos. O projecto, a estrutura eram inovadores. A ideologia seguida, socialista e independente, provocou desde logo atritos com a administração. Entrámos em ruptura quando não apoiámos a ilegalização do PCP proposta pela direita após o 25 de Novembro. Fui despedido. O Sasportes e outros solidarizaram-se comigo e saíram.
Cumprindo o seu papel o Jornal Novo, estava em funções o V Governo Provisório chefiado por Vasco Gonçalves, é o primeiro órgão de comunicação a publicar o Documento do Grupo dos Nove que visava defender a pureza do MFA.
Em pleno Verão Quente, os partidários de Mário Soares já tinham lançado a palavra de ordem: O Povo NÃO está com o MFA.
Não tardaria muito que Novembro entrasse pelos quarteis dentro.

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