Há 38 anos, o país era surpreendido com a notícia de que , na sua primeira reunião, o Conselho de Revolução decretara a nacionalização da Banca.
A reacção geral foi de apoio a esta medida.
Um dia de alegria para todos menos para aqueles que beneficiavam largamente do sistema anteriormente vigente, no dizer emocionado do primeiro-ministro Vasco Gonçalves..
O PPD, hoje PSD, sublinhava que substituir um capitalismo liberal por um capitalismo de estado não resolve as contradições com que se debate hoje a sociedade portuguesa.
Mário Soares chamava-lhe um dia histórico em que se pode assinalar que o capitalismo se afundou. Efectivamente a nacionalização da banca privada, que por sua vez detém nas carteiras a maior parte das acções das grandes empresas e, ao mesmo tempo, a fuga e a prisão dos chefes das nove grandes famílias que dominavam Portugal indica de uma maneira bem calar que se está a caminho de se criar uma sociedade nova em Portugal.
Para que não restassem quaisquer dúvidas, José Magalhães Godinho lembrava que a nacionalização estava inscrita no programa do Partido Socialista.
O economista Eugénio Rosa lembrava:
É suficiente dizer, e só a título de exemplo, o que aconteceu até há pouco tempo com um banco. O grupo económico a que ele pertencia criou 15 empresas no mesmo edifício, com um capital social de 3.500 contos, a quem emprestou mais de 3 milhões de contos para que aquelas pudessem jogar em acções especulativas, sem qualquer interesse para satisfação das necessidades populares.
Para o povo o dinheiro do povo?
Passados 38 anos, sabemos da quantidade de água que passou por debaixo das pontes, as voltas e reviravoltas, as contorções, as cambalhotas, as omissões e as traições de quem entendia que o comboio estava a andar depressa demais e urgente seria começar a pensar em meter travão às quatro rodas.
Alguma dessa gente já não se encontra entre nós, mas outros ainda estão por aí.
Como se sentirão quando de manhã se olham ao espelho?
Não sentem nada!
Antes aproveitam para dizer que os trabalhadores, porque aguentam, aguentam têm de baixar ainda mais os ordenados que auferem, que os reformados vivem tempos demasiado longos.
Não é suficiente chamar-lhes nomes feios!...
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