terça-feira, 12 de março de 2013
POSTAIS SEM SELO
Lembrei-me de ouvir o silêncio do Alentejo, tão profundo e ancestral como o cante dos homens nos jordões ou nas tabernas. Reflecti sobre a sabedoria posta em cada refeição - quase como um acto sagrado - que requer o tempo necessário, a calma que permite distinguir cada sabor, cada textura, cada aparência (o paio a deitar pingo, o queijo com olhinhos de azeite, o aveludado do vinho, a “coida” do pão).
Todas as coisas ficam sem pressa, quase paradas, entre a cultura e a alma, entre o choro e a ironia. Qualquer acto se reveste de um enorme significado.
Ser alentejano é uma Arte e uma Crença: crença no pouco que se tem e na alquimia da transformação do nada em quase tudo:
- faltam monumentos, mas há pão;
- faltam fontes, mas há vinho;
- falta o verde, mas há ouro.
Alentejo: o Património de todos os sentidos.
Maria José Bravo Balancho
Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da fotografia.
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