sábado, 23 de março de 2013

ÓSCAR LOPES (1917-2013)


Um sentimento unânime: com a morte de Óscar Lopes desapareceu um dos vultos maiores da cultura portuguesa do século XX.
Uma qualquer morte mata sempre um pouco a nossa memória.
Na minha primeira aula de Literatura do 6º ano, o professor, deu as boas-vindas e de imediato disse que quem quisesse saber, mas saber mesmo, qualquer coisa da matéria, havia que comprar -  e ler - a História da Literatura Portuguesa de António José Saraiva e Óscar Lopes.
Editada pela Porto Editora, o meu exemplar é a 3ª edição corrigida.
Em finais de 1969, comprei o meu primeiro livro, a solo, de Óscar Lopes: Ler e Depois.
Este livro representa um conjunto de tentativas no sentido da síntese agora possível, por parte, não de um investigador ou crítico literário profissional (há anos que nem sequer ensino literatura no Liceu), mas de um simples leitor que vai lendo e pensando, e depois continua pensando, sobre o que lê e é, a ponderar intuições, informações (aquelas que lhe chegam), estéticas, morais, práticas, científicas, políticas, umas com outras, e uma contra outras mesmo sem sair de cada um dos domínios de ser e do valer.
O livro tem dedicatória:
Recordação de Mário Sacramento, recordação de todos os momentos em que me saíu da boca a palavra «TU» num alvoroço de camaradagem ou de ternura.
Óscar Lopes ensinou-me a ler, porque ler, como disse alguém, não é apenas juntar as letras.
Militante do Partido Comunista desde 1944, perseguido pela ditadura, proibido de leccionar, contou que a sua avó chorou de desgosto quando soube que ele era comunista. "E eu chorei, porque ela chorou", foi alguém, tal como escreveu Baptidta-Bastos, maior do que o seu tempo.
Já ficou no Olhar as Capas o comovente e judicioso depoimento que Agustina Bessa Luís escreveu e que está incluído no livro comemorativo dos noventa anos de Óscar Lopes.
Mas, necessariamente, voltarei a Óscar Lopes.
Um Homem que, para além de muitas outras coisas, gostava de gatos e de flores.

Legenda: Óscar Lopes no jardim de sua casa, tirado do livro Óscar Lopes – um homem maior do que o seu tempo.

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