Definitivamente não sei explicar mas, em tempo de
Semana Santa, vêm-me sempre, mas sempre, à memória duas ou três coisas:
A parede do antigo
Cinema Lys, a que estava voltada para a Avenida Almirante Reis, com os grandes cartazes de A Túnica de Henry Koster com o Richard
Burton, a Jean Simmons, o Victor Mature.
A Emissora Nacional a interromper o silêncio
radiofónico para transmitir os jogos de Hóquei em Patins do Torneio deMontreux.
O Carlos Alberto que aparecia de gravata preta.
Os putos da rua que éramos, perguntavam sempre do
porquê, e a resposta também a sabíamos:
- Cristo morreu!
A minha avó apenas respeitava a quinta e a sexta-feira santas e nesses dias não havia carne para ninguém.
Curiosamente, também não abundava nos outros dias.
Porque o pequeno mundo caseiro vivia do rol fiado do merceeiro,
Francisco de seu nome, estabelecimento na esquina da Castelo Branco Saraiva com
a Vila Gadanho.
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