sábado, 30 de março de 2013

QUOTIDIANOS



Definitivamente não sei explicar mas, em tempo de Semana Santa, vêm-me sempre, mas sempre, à memória duas ou três coisas:

A parede do antigo Cinema Lys, a que estava voltada para a Avenida Almirante Reis, com os grandes cartazes de A Túnica de Henry Koster com o Richard Burton, a Jean Simmons, o Victor Mature.

A Emissora Nacional a interromper o silêncio radiofónico para transmitir os jogos de Hóquei em Patins do Torneio deMontreux.

O Carlos Alberto que aparecia de gravata preta.

Os putos da rua que éramos, perguntavam sempre do porquê, e a resposta também a sabíamos:

- Cristo morreu!

A minha avó apenas respeitava a quinta e a sexta-feira santas  e nesses dias não havia carne para ninguém.

Curiosamente, também não abundava nos outros dias.

 Porque o pequeno mundo caseiro vivia do rol fiado do merceeiro, Francisco de seu nome, estabelecimento na esquina da Castelo Branco Saraiva com a Vila Gadanho.

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