sábado, 23 de março de 2013
QUOTIDIANOS
Com quem se iria encontrar a mulher japonesa, que emprego teria, o que faria na Europa, sem conhecer uma só das línguas indo-europeias, quem lhes escreveu o nome da cidade do destino. Mas sobretudo pensava se a carteira Louis Vouitton era verdadeira ou de contrafacção. Uma vez em que me surpreendera pela venda de imitações que me pareciam perfeitas, num mercado de rua em Roma, perguntei a L., uma elegante com quem costumo viajar, como é que se distinguiam os originais. Pela classe, respondeu-me ela. Nunca percebi esses pormenores que fazem a diferença. Passei a olhar as carteiras à procura da classe das mulheres e a olhar as mulheres em busca da classe da carteira. Esta questão parece fútil. Mas foi Curling, um escritor muito sério, quem disse que o comunismo caiu não porque os homens quisessem usar fatos, mas porque queriam usar fatos Armani.
Luis Januário em A Natureza do Mal.
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