A minha memória perde-se em mirabolantes detalhes de que não
consigo encontrar uma leve ponta para trazer alguma claridade.
Há livros, discos, papeis, coisas, que não sei que tipo de
sumiço levaram.
Uma dessas coisas são os números de Natal da Eva
que todos os anos comprava a vendedores ambulantes que andavam pelas ruas da
baixa.
Uma ponta de honestidade terá que ser dita e centra-se no
facto de que comprava a Eva do Natal, não pelo seu director ser Carlos de
Oliveira e grande parte da legião de colaboradores ser tudo gente de bom-tom,
mas por causa do número da sorte, impresso num rectangulozinho, e que dava
direito a sorteio com diversos e atraentes prémios.
Pesco uma história da Eva do Natal no 3º volume dos Dias
Comuns de José Gomes Ferreira, também ele um colaborador da revista:
17 de Dezembro de 1967
O segredo do êxito do número do Natal da Eva que, conforme diz o Carlos atinge a tiragem de 200 000 exemplares,
reside em ser uma espécie de bilhete da lotaria, a que pode sair, além duma
casa completamente mobilada, vários automóveis, rádios, máquinas de lavar
roupa, frigoríficos, etc., etc., etc. Um bilhete de lotaria, em suma,
convenientemente camuflado com artigos literários, quadros do Menino Jesus,
contos, reportagens da pesca do bacalhau, etc.
Ora como o povo tem a agudeza de descarnar as ilusões até ao osso das
realidades e os ardinas são povo, encontraram este ano uma forma inteligentíssima
de apregoar a revista. Assim:
- Joguem na «Eva»! Joguem na
«Eva».
O Abelaira e eu, no autocarro, sorrimos encantados por sermos do
partido do povo.
Legenda: A capa desta Revista da Eva do Natal de 1971, é
uma cortesia de Mr. Ié-Ié.
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