A única coisa que quero do Natal é que acabe depressa, acabem depressa
as avenidas iluminadas, as lâmpadas nas árvores, a agitação das lojas, toda
esta gente nas ruas, os embrulhos, os laçarotes, as fitas, os vizinhos que me
deixam bocados de pinheiro nas escadas, o filho da porteira empregado num
armazém de roupa a sir de casa vewstido com um casaco encarnado, soprando a
barba de algodão para me dizer
- Boa tarde senhor tenente-coronel
e eu a desligar o telefone para que não me macem, a esquecer a caixa do
correio a fim de não aturar as boas-festas de ninguém, eu de televisão apagada
porque detesto filmes bíblicos, sinos que badalam, mensagens dos
primeiros-ministros e programas de circo, e nisto o engenheiro do
terceiro-esquerdo todo sorrisos
- A minha mulher manda perguntar se não quer passar lá por cima à noite
para comermos uma fatia de bolo-rei juntos.
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