Os Justos
Albert Camus
Tradução e prefácio: António Quadros
Capa: Infante do Carmo
Colecção Miniatura nº 118
Edição Livros do Brasil, Lisboa s/d
KALIAYEV
Não. Sei perfeitamente o que ele pensa., Schweitzer já dizia: «És
invulgar demais para poderes ser revolucionário». Quereria explicar-lhes que
não sou uma pessoa invulgar. Eles acham-me demasiado louco, demasiado
expontâneo. No entanto, como eles, eu acredito na ideia. Como eles, quero
sacrificar-me. Também eu posso ser hábil, taciturno, dissimulado, eficaz. O que
acontece é que, para mim, a vida continua a ser uma coisa maravilhosa. Amo a
beleza, amo a felicidade! É por isso que odeio a tirania. Como posso explicar-lhes?
A revolução, com certeza! Mas a revolução pela vida, para dar oportunidade à
vida, compreendes tu?
DORA, num impulso
Sim… E no entanto, vamos dar a morte.
KALIAYEV
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