sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

OLHAR AS CAPAS



Os Justos

Albert Camus
Tradução e prefácio: António Quadros
Capa: Infante do Carmo
Colecção Miniatura nº 118
Edição Livros do Brasil, Lisboa s/d

KALIAYEV

Não. Sei perfeitamente o que ele pensa., Schweitzer já dizia: «És invulgar demais para poderes ser revolucionário». Quereria explicar-lhes que não sou uma pessoa invulgar. Eles acham-me demasiado louco, demasiado expontâneo. No entanto, como eles, eu acredito na ideia. Como eles, quero sacrificar-me. Também eu posso ser hábil, taciturno, dissimulado, eficaz. O que acontece é que, para mim, a vida continua a ser uma coisa maravilhosa. Amo a beleza, amo a felicidade! É por isso que odeio a tirania. Como posso explicar-lhes? A revolução, com certeza! Mas a revolução pela vida, para dar oportunidade à vida, compreendes tu?

DORA, num impulso

Sim… E no entanto, vamos dar a morte.

KALIAYEV

Quem, nós?... Ah, queres dizer… Não é a mesma coisa. Ah, não! não é a mesma coisa. E além disso, nós matamos para construir um mundo onde ninguém mais matará! Aceitamos ser criminosos, para que a terra se cubra enfim de inocentes.

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