terça-feira, 10 de dezembro de 2013

NÃO É POSSÍVEL O NATAL ASSIM...


Trago aqui palavras que encontrei na secção Cartas à Directora do Público de 29 de Novembro.

Chamou-me à atenção o título.

Palavras simples e sinceras que qualquer um de nós entende como uma das muitas tristezas que vão invadir este tempo que se queria maravilhoso.

Não resisto a partilhar as palavras que a leitora do Público, que vive no Porto e se chama Lídia Menezes escreveu:

Como se poderá ter Natal se há tantos, tantos e tantos que não o vão ter... As crianças a quem roubam os sonhos, lhes tiram a infância...

Uma profunda tristeza com a desumanidade e violência nos cortes e mais cortes, nos subsídios, numa lista infindável e sempre inventada nos bolsos dos mais fracos. Uma profunda impotência...

Rostos fechados, desespero nos olhos e a esperança que fugiu das mão que agora se estendem a pedir esmola.

Não, não é possível um Natal assim! Nem para os autênticos Cristãos!

Como é possível destruir o que de mais sagrado existe em cada ser humano que é a dignidade e o direito ao Pão?
Tudo está bem e para nós, tudo cada vez pior!

Em que país vivem?

Quem são as pessoas?

O que significa respeito e dignidade?

O que enxergam nos seus horizontes? O coração fugiu? Se calhar sim, com medo dos cortes também!

Não vai restar pedra sobre pedra nem nenhum sorriso se atreverá a aparecer nos rostos dos que ainda sentem, porque alguns até deixaram de sentir - foram apanhados por tudo o que lhes dão a ver e a ouvir e acreditam, o que é mais grave.

Não, não vai haver Natal assim...

Haverá encenações para nos convencerem que sim. O pior é este cansaço de pensar ou já não querer pensar no amanhã.

Tudo se vai tornando em apatia e as vozes que tanto gritaram e cantaram a "Grândola Vila Morena" estão roucas, os pés que foram ás manifestações perguntam-se para quê.  Será que o cansaço os venceu?

O Tribunal Constitucional que ainda vai travando esta loucura perdeu o respeito que lhe é devido e pertendem calá-lo, abafá-lo, destruí-lo para livremente escravizarem quem ainda tem o descaramento de lhes dizer não.

Não, não vai haver Natal assim...

Não é possível dar num dia e no ano inteiro, recusar e tirar. A hipócrisia tem limites!

A palavra solidariedade está banalizada, esvaziada, perdeu a sua profundidade e força e não lhe cabe a ela resolver o problema das carências quando se demitem os verdadeiros responsáveis pelos direitos humanos.

Escrevo para quê? Escrevo apenas porque sim, porque dói, porque dói muito e cada vez mais...

Já não consigo ouvi-los nem vê-los, apenas sonho viver sem eles.

Se Natal é dar, com quem aprenderam eles a tirar?

Sem comentários: