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a 14 de Julho
As
minas do Pejão continuam ocupadas pelos trabalhadores.
Um
comunicado do Partido Socialista chama a atenção do Governo provisório e dos democratas
em geral para a gravidade das situações que estão a ser criadas em todo o país
com a nomeação ou a conservação em cargos de responsabilidade de pessoas
ligadas à política fascista e altamente comprometidas com ela.
É
anunciado que Franco se encontra gravemente doente.
A
grande preocupação dos Estados Unidos neste momento é a situação em Portugal,
declarou o Secretário de Estado Henry Kissinger ao jornal brasileiro Tribuna
da Imprensa.
Um
despacho do general Costa Gomes, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas
datado de 5 de Julho gradua no posto de brigadeiro o major de artilharia Otelo
Saraiva de Carvalho
No
acto de posse, Otelo Saraiva de Carvalho afirmou: «que foram
os jovens oficiais dos 25 aos 40 anos que derrubaram o governo anterior, salientando
que «os generais apesar de toda a sua juventude não tiveram coragem de o
derrubar.»
Numa
entrevista à Emissora Nacional, Adelino Palma Carlos anunciou ter formulado
pretensões concretas para poder continuar nas funções de primeiro-ministro:
-
eleições do Presidente da República no prazo de três meses;
-
referendo para a aprovação de uma Constituição Provisória como adiamento das
eleições para a Assembleia Constituinte, até Novembro de 1976;
-
amplos poderes ao Primeiro-Ministro.
Reunido
o Conselho de Estado, houve decisão favorável à terceira pretensão, sendo as
restantes rejeitadas.
Solidarizaram-se
com ele, o ministro sem pasta Sá Carneiro, o ministro da Administração Interna
Magalhães Mota, Vieira de Almeida, ministro da Coordenação Económica,
Tenente-Coronel Firmino Miguel, ministro da Defesa Nacional. Todos os outros membros
do governo mantiveram-se nos seus cargos.
«Saio agora para evitar ter de o fazer mais tarde,
envolto num banho de sangue e de lama.»
Em
25 de Junho, numa entrevista ao Diário de Notícias, alertara: «as maiorias
silenciosas têm de sair do seu comodismo ou do seu temor e de pronunciarem abertamente.»
A
História regista este episódio como «Golpe Palma Carlos», mas por trás encontramos Spínola
e Sá Carneiro, numa tentativa desesperada de um retorno à direita. O objectivo consistia em consolidar o poder pessoal do
Presidente da República e consequente afastamento dos ministrosde esquerda do
governo.
António
Spínola iniciou consultas para a escolha de novo Primeiro-Ministro. Hipóteses
várias foram aventadas e chegou a dar-se como certa a escolha do tenente-coronel
Firmino Miguel para Primeiro-Ministro, mas a escolha veio a recair no Coronel
Vasco Gonçalves.
Adelino
da Palma Carlos forma um novo partido: o Partido Social Democrata Português do
qual fazem parte também Norberto Lopes, Adão e Silva, Ângelo Almeida Ribeiro,
Paradela de Abreu, Jacinto Simões, Alfredo Guisado.
A
crise provocada por Palma Carlos, é acompanhada em Moçambique e Angola por um
surto de terrorismo branco. Consta que em Luanda o governador Silvério Marques
esteve implicado num golpe de estado para a proclamação da «independência
branca».
Legenda:
título da 1ª página do República de 10 de Junho de 1974.
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