domingo, 6 de julho de 2014

DISTÂNCIAS...


Num qualquer dia, talvez numa entrevista, não tenho nenhuma referência, Agustina Bessa Luís disse de Sophia de Mello Breyner Andresen:

Nascemos para nos admirarmos e não para ser amigas uma da outra.

Tenho com Agustina lacunas várias que não sei se terei tempo de modificar, ou vontade para o fazer.

De Agustina, Eduardo Guerra Carneiro disse que jamais coincidiriam no quadradinho de voto eleitoral em que se desenha uma cruz, mas admirava-lhe a escrita.

O meu problema com Agustina é político, mas o tempo político não pertence ao pós-25 de Abril, vem de antes, dos tempos da ditadura.

Algo que, por exemplo, José Gomes Ferreira, no 3º volume dos seus Dias Comuns, entrada do dia 23 de Junho de 1967, conta assim:

Quando da dissolução da Sociedade Portuguesa de Escritores a Sophia de Mello Breyner pediu-lhe a assinatura para o natural protesto dos escritores.

Como já se calculava, a Agustina Bessa Luís recusou. Com uma carta modelar de quem queria fingir que não recusava.

A Sophia leu-ma. E não resisti a dizer-lhe (ou a pensar que lhe dizia):

- Mande-a encaixilhar e pôr na parede. É um auto-retrato triste de quem não quer ter perfil.

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