A
triste novela de um grupo económico que vive, claramente, muito acima das suas
possibilidades tem revelado muitos aspetos semiescondidos da nossa comunidade e
algumas das razões do nosso atávico atraso.
O
episódio que envolve o Grupo Espírito Santo e a PT é absolutamente exemplar.
Nele, a empresa de telecomunicações empresta dinheiro a uma companhia
propriedade de um seu acionista ou, com resultados idênticos, investe, a
curtíssimo prazo, num conglomerado de empresas com interesses na agropecuária,
turismo e afins.
A
simples enunciação do negócio - um empréstimo direto ou indireto a um acionista
- já é, para usar simpatiquíssimas palavras, de um comportamento ético-empresarial
muito duvidoso. Juntemos agora o facto de a PT ter aplicado um montante, 897
milhões de euros, que está muito próximo de metade da sua capitalização
bolsista e que representa aproximadamente os seus lucros de três anos, numa
única empresa... Espantosamente, uma decisão desta importância é tomada sem ir
a discussão no conselho de administração e, mais tarde, é dito que seria uma
medida de gestão corrente. Agora, recordemos ser do conhecimento geral que a
empresa onde a PT colocou o dinheiro, a Rio- forte, está, para todos os
efeitos, praticamente falida - aliás, pelas últimas notícias, a PT já se está a
preparar para o calote.
Pedro
Marques Lopes no Diário de Notícias de hoje.
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