Ei! Sr. da Pandeireta, toque uma canção para mim
Não tenho sonho e não há lugar para onde eu vá
Ei! Sr. da Pandeireta, toque uma canção para mim
Irei atrás de si na manhã melodiosa e barulhenta
Embora eu saiba que o império da noite tenha voltado a
ser areia
Sumida da minha mão
Deixou-me aqui cego de pé mas sem dormir ainda
A minha fadiga espanta-me, tenho os pés em brasa
Não tenho com quem me encontrar
E a antiga rua vazia está demasiado morta para sonhar
Ei! Sr. Da Pandeireta, toque uma canção para mim
Não tenho sono e não há lugar para onde eu vá
Ei! Sr. Da Pandeireta, toque uma canção para mim
Irei atrás de si na manhã melodiosa e barulhenta
Leve-me de viagem no seu navio mágico em rodopio
Os meus sentidos estão embotados, as minhas mãos não
conseguem agarrar com
firmeza
Os meus dedos dos pés demasiado entorpecidos para caminhar
Esperam apenas pelos tacões das minhas botas para ficarem
a vaguear
Estou pronto para ir a qualquer lado, estou pronto para
me desvanecer
No meu próprio
Desfile, lance o seu feitiço de dança na minha direcção
Eu prometo submeter-me
Ei! Sr. Da Pandeireta, toque uma canção para mim
Irei atrás de si na manhã melodiosa e barulhenta
Ainda que possa ouvir riso, a girar a a baloiçar
loucamente frente ao sol
Não é dirigido a ninguém, está apenas a fugir à solta
E não há mais barriras em frente a não ser o céu
E se ouvir vagos rastos de saltitantes danças com rima
Ao som da sua pandeireta, é só um palhaço esfarrapado lá
atrás
Eu não lhe prestaria atenção alguma
O que vê é apenas uma sombra que ele persegue
Ei! Sr. da Pandeireta, toque uma canção para mim
Não tenho sono e não há lugar para onde eu vá
Ei! Sr. da Pandeireta, toque uma canção para mim
Irei atrás de si na manhã melodiosa e barulhenta
Leve-me então a desaparecer através dos anéis de fumo da
minha mente
Por baixo das enevoadas ruínas do tempo, bem longe das
folhas geladas
Das árvores assustadas, assombradas, até à praia batida
pelo vento
Longe do alcance retorcido da louca mágoa
Sim. Para dançar sob o céu de diamante com uma mão
acenando livremente
Recortada sobre o mar, rodeado pelas areias do circo
Com toda a memória e o destino levados profundamente por
sob as ondas
Deixe-me esquecer do dia de hoje até amanhã
Ei! Sr. da Pandeireta, toque uma canção para mim
Não tenho sono e não há lugar para onde eu vá
Ei! Sr. da Pandeireta, toque uma canção para mim
Irei atrás de si na manhã melodiosa e barulhenta
Canção do álbum Bringing It All Back Home (1965)
Bob
Dylan em Canções Volume I (1962-1973) Relógio D’Água, Lisboa Setembro de 2006.
Legenda:
não foi possível identificar o autor/origem da fotografia.
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