sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O HOMEM DOS TRÊS CÊS


Neste dia, no ano de 1924 nascia Alexandre Manuel Vahía de Castro O'Neill de Bulhões, ou simplificando:AlexandreO’Neill.

Nos Poemas Com Endereço, deixou um auto-retrato que simplifica muito as coisas:

O'Neill (Alexandre), moreno português,
cabelo asa de corvo; da angústia da cara,
nariguete que sobrepuja de través
a ferida desdenhosa e não cicatrizada.
Se a visagem de tal sujeito é o que vês
(omita-se o olho triste e a testa iluminada)
o retrato moral também tem os seus quês
(aqui, uma pequena frase censurada...)
No amor? No amor crê (ou não fosse ele O'Neill!)
e tem a veleidade de o saber fazer
(pois amor não há feito) das maneiras mil
que são a semovente estátua do prazer.
    Mas sofre de ternura, bebe de mais e ri-se
    do que neste soneto sobre si mesmo disse... 

Nota do Editor: o título é tirado da definição que a irmã fazia do  O' Neill: O Homem dos Três Cês:
Cama, Copos e Conversa. 

Legenda: Alexandre O’Neill em Almoçageme, fotografia de Nuno Calvet, tirada de Alexandre O’Neill, Uma Biografia Literária de Maria Antónia Oliveira.

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