terça-feira, 16 de dezembro de 2014

OLHAR AS CAPAS


Urzes

Manuel Hermínio Monteiro
Vapa: Vasco Rosa
Edição O Independente, Lisboa, 2004

Ande-se por Portugal de norte a sul, nesta altura, e sentimos logo as marcas do Natal. Pequenos e grandes presépios. Cedros iluminados. Pais Natal de borracha. Ruas enfeitadas e milhares de luzinhas buliçosas e polícromas que nos piscam por detrás das vidraças. O presépio mais conhecido é o de Alenquer. A aldeia mais preparada a preceito é Sande, entre Lamego e a Régua, autodenominada «o presé­pio da Beira Alta». Nas terras do Norte, juntam, ao sabor dominante do bacalhau, o polvo. Come-se por todo o lado filhós, sonhos e rabanadas. Durante todo o dia 24 os rapa­zes transportam grandes quantidades de lenha para o centro da povoação. Em Barrancos, no Alentejo, a lenha começa a juntar-se desde a festa do 1º. de Dezembro. São medas de troncos e ramas de meter respeito.
À noite, após a consoada, acende-se a fogueira. E em Vilar de Perdizes reúne-se a aldeia em peso em volta do lume para cantar. As melhores fogueiras deverão manter a chama, dia e noite, até ao novo ano. Por todo o lado as festas natalícias portuguesas são de solidariedade e convívio. O consumismo é fenómeno urbano e muito recente for a dos grandes centros. Pelas nossas terras, o Natal sempre lembrou família, acolhimento, reconciliação e partilha. O menino Jesus desce do céu ao primeiro sono.

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