O prazer de dar cede lugar à estopada de ter que dar.
A serenidade do pensamento da escolha cede passo, a favor do turbilhão de uma
escolha que já não o é. O oferecer, como acto que vale por si só, esfuma-se na
conta corrente que confronta o que se dá com o que se recebe, medido mais em
euros do que em valores de vida e de relação.
Recebe-se o que não se deseja ou o que se tem a mais,
por troca com o que se dá embrulhado num frete achado algures no bazar do
inútil.
Dar só é bom se for natural. Dar só vale a pena se a
pessoa que recebe está antes da prenda que se entrega. Dar só faz sentido se o
que se oferece é uma ponte entre pessoas. Uma expressão de um sólido sentimento
de união, estima ou consideração.
Sem comentários:
Enviar um comentário