quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

OLHAR AS CAPAS


Opiniões Com Data

João José Cochofel
Editorial Caminho, Lisboa, Outubro de 1990

Coimbra, Novembro de 1946


Muito se tem acusado de retórica a 5ª Sinfonia, como aliás grande parte da obra de Beethoven. Mas que sublime retórica! A retórica de quem tem algo de superior a comunicar e o repete insaciavelmente. Em todas as épocas revolucionárias se geram obras de arte que acusam esta espécie de retórica, bem diferente da retórica das épocas de decadência, em que a verbosidade pretende esconder apenas a carência ou a pobreza do conteúdo. Escrita no alvorecer do século XIX, a 5ª Sinfonia vem carregada de todo o sentido ideológico da profunda transformação social nascida da Revolução Francesa, que abria novas perspectivas à humanidade. Toda a obra de Beethoven se nutre desta seiva magnífica que exuberantemente se afirma através do seu génio e que por virtude do seu génio floresce numa pujante mensagem de crença nos destinos do homem. Retórica, pode ser, mas retórica genial de uma força irreprimível que plenamente se quer exprimir. 

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