Pedro dos Santos Oom do Vale, nasceu em Santarém no dia 24 de Junho de 1926.
No dia 26 de Abril o coração não resistiu à
alegria que a Revolução lhe trouxera.
Tirado do Catálogo do «Legado
de Mário Henrique Leiria na Colecção Manuel de Brito».
UM TOSTÃO
PARA O ENSINO
«Num pequeno país atrasado e pobre o
Primeiro-Ministro preocupava-se muito com a ignorância do seu povo.
A percentagem de iletrados era tal
que não se descortinava maneira de arrancar do estado de subdesenvolvimento
para a fase industrial a que o país necessitava chegar.
O Primeiro-Ministro reuniu os melhores
pedagogos do país que elaboraram um pequeno livro de bolso, a que chamaram a
“Cartilha Paternal”, onde se resumia em frases simples toda a Ciência
existente.
A “Cartilha Paternal” foi distribuída
gratuitamente a todo o Povo, o qual lhe deu a serventia que estava habituado a
dar a tudo o que fosse papel, liso ou impresso.
Na
revista Grifo também encontramos colaboração de Pedro Oom:
Poesia não é uma medalha para por no peito
dos tiranos mas uma imensa solidão feita de pedras, onde o despotismo pode
encomendar o ataúde. Cada um de nós odeia o que ama. Por isso o poeta não ama a
poesia que é só desespero e solidão mas acalenta ao peito as formigas da
revolta e da rebeldia, que todos os déspotas querem submissas e procriadoras.
Só os voluntários da miséria e da submissão patriarcal querem a poesia na arca
da aliança com a tradição pacóvia e regionalista dos pretéritos dias, glórias
patrioteiras, heroicidades frustres, pirataria ignara. Todo o verdadeiro poeta
despreza o pequeno monte de esterco onde o dejectaram no planeta e a que os
outros chamam pátria, e só ama os grandes continentes mares e oceanos da
liberdade e do amor. Só nos vastos espaços incriados a poesia serve o seu
destino – catapultar o homem nos abismos do desejo incontrolado onde o próprio
assassinato é um acto de poesia e de amor. Este assassinato de que falo é o
grande amplexo de homem para homem a solidariedade e a ternura, não a caridade
hipócrita ou a cama de família, com todo o seu pequeno cortejo de horrores,
onde a exploração do filho pelo pai dita a sua lei.
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