A Lua e as Fogueiras
Cesare Pavese
Tradução e prefácio: Manuel de Seabra
Editora Arcádia, Lisboa s/d
Descemos pela ribeira sob a cúpula fria das árvores. Bastava passar junto àqueles charcos descobertos, para sentir o mormaço e o suor. Eu refletia acerca daquele mormaço, que aparecia diante do nosso prado, como sustento da vinha de Morone. Via-se, por cima, sobre os carvalhos, surgir as primeiras vinhas claras e um belo pessegueiro com algumas folhas vermelhaças, como as que havia no meu tempo, e alguma fruta caída na ribeira que parecia melhor que nenhuma. Estas macieiras e pessegueiros que no Verão têm folhas vermelhas ou amarelas, fazem-me água na boca, pois a folha assemelha-se à fruta madura e nós, por baixo, sentimo-nos felizes. Para mim, todas as plantas deviam dar frutos; como acontece na vinha.
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