sexta-feira, 12 de outubro de 2012

OS ASSASSÍNIOS PIDESCOS


No dia 12 de Outubro de 1972, no anfiteatro de Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, a PIDE/DGS assassinou o estudante de Direito, José António Ribeiro dos Santos. Tinha 26 anos.

A notícia não teve imediata divulgação pública.

O funeral de Ribeiro dos Santos realiza-se no dia 14.

Apenas neste dia, através de um comunicado divulgado pelo gabinete do Ministro do Interior e da notícia do funeral, publicada nos jornais mas sujeira aos larguíssimos  cortes da Censura, os portugueses tomam conhecimento do crime.

Voltaremos por esse tempo.

Soneto Escrito Na Morte de Todos os antifascistas assassinados pela PIDE

Vararam-te no corpo e não na força
e não importa o nome de quem eras
naquela tarde foste apenas corça
indefesa morrendo às mãos das feras.

Mas feras é demais. Apenas hienas
tão pútridas tão fétidas tão cães
que na sombra farejam as algemas
do nome agora morto que tu tens.

Morreste às mãos da tarde mas foi cedo.
Morreste porque não às mãos do medo
que a todos pôs calados e cativos.

Por essa tarde havemos de vingar-te
por essa morte havemos de cantar-te:
Para nós não há mortos. Só há vivos.


Legenda: gravura de José Dias Coelho retirada de  A Resistência em Portugal, Editorial Inova, Porto Junho 1974.

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