sábado, 13 de outubro de 2012

OS DIAS QUE CORREM...


Poderia começar por dizer que havia o sossego da casa, o sol a entrar pela janela, uma luz maravilhosa num Outono que é um Verão que parece nunca mais acabar.

Mas são péssimos os dias que correm.

Não há nada, mesmo nada, que possa despertar um sorriso, mesmo débil ou despreocupado.

Já sabemos o que o orçamento para o próximo ano nos vai trazer.

O cineasta João Botelho, dizia hoje, na manifestação cultural na Praça de Espanha, que este governo é repugnante.

Apetece lembrar Juan José Millás que, num artigo no El País, dizia que o que eles precisavam todos era o cano de uma pistola pelo cú acima.

O Prémio Nobel da Literatura foi atribuído a um escritor chinês que desconheço. Pior ainda: nunca ouvi falar do seu nome.

Ando há anos nisto: estremeço sempre quando constato quão vasta é a minha ignorância, e assim será para sempre.

O Prémio Nobel da Paz foi atribuído à Europa.

Simplesmente, patético.

Que Europa?

A que vota os povos à miséria, à desgraça, à fome, à sua destruição?

São péssimos os dias que correm.

Estou a olhar a fotografia que tirei na quinta-feira, na Praça da Figueira, no regresso do lançamento do livro do Vitor Silva Tavares.

O abismo da solidão.

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