No tempo da ditadura aproveitava-se tudo para a consciencialização cultural e política, viesse ela de que esquerda viesse. A ordem era armazenar, armazenar, armazenar.
Mais tarde se separaria o trigo do joio.
Cadernos, como este de Circunstância, impresso em stencil, para além de artigos de opinião, incluíam excertos de obras que não chegavam à mão de todos, dado que a PIDE exercia uma feroz vigilância sobre tudo o que, para eles, cheirasse a sublevação.
Livros e revistas andavam de mão em mão, por vezes perdia-se o saber em que mãos tinham sido depositados.
Mas, como dizia, o Armindo: Eh pá! É tudo a meio da cultura e da revolução.
Perdi alguns livros e revistas, mas também me ficaram outros que nunca os adquirira e já nem sei a quem pertenciam.
É o caso destes Cadernos de Circunstância
Nova Série nº 1 Março de 1969
Comissão de Coordenação:
Alberto Melo Alfredo, Alfredo Margarido, Fernando Medeiros, João Freire, Jorge Valadas, José Hipólito dos Santos, José Rodrigues dos Santos, Manuel Villaverde Cabral.
Redacção: 8, Rue Saint- Julian – Paris 5
Sumário:
- Teses Sobre a Actualidade da Revolução
- Luta de Classes em Portugal em 1969
Antologia de Textos:
Sobre a Burocracia Sindical – Rosa Luxemburgo
Manifesto da Sexpol – Wilheim Reich
França 1969 – Daniel Cohn-Bendit
Página especial
Uma página, quase, em branco ao dispor de cada um. A deste número é a 69.
É assim que os primitivismos teóricos – do tipo “fascismo-anti-fascismo”, “legalidade-ilegalidade”, “luta de massas – luta clandestina, “espontaneidade-organização”, etc. – surgem não só como incapazes de dar conta da situação real, até como obstáculos cada vez mais evidentes a que os verdadeiros problemas sejam colocados e que a energia revolucionária se liberte plenamente
A REVOLUÇÂO ESTÁ NA ORDEM DO DIA!
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