quinta-feira, 29 de novembro de 2012

QUOTIDIANOS


Há desesperos, há indignações, há raivas, que nos tolhem o pensamento, os movimentos.

Há tempos em que não conseguimos escrever uma simples palavra que seja.

Há cartas abertas a exigir que o governo mude de rumo, que se demita.

Também gostava de voltar a acreditar no Pai Natal.

Nós merecemos o que nos está a acontecer porque ao longo dos tempos, sempre elegemos gente que apenas pensaram em si próprios e nos amigos… sempre!

Zarpei de casa e aportei o Alto de Santa Catarina ver o vaivém dos cacilheiros, o voo das gaivotas.

Ali, sentado, a lagartar ao sol, no meio desta luz maravilhosa que Lisboa tem, pensando nos acontecimentos, nos lampejos dos dias que correm, logo teria de lembrar de Saramago, uma passagem, ou duas, em O Ano da Morte de Ricardo Reis:

Quando chegar a casa, irei reler a tal parte que agora me ocorreu.

Não perguntem porquê.

A nós o que nos vale, meu caro doutor Reis, neste cantinho da Europa, é termos um homem de alto pensamento e forme autoridade à frente do governo e do país.

E porque nem todas as lembranças são inventadas, quase na página seguinte, estas outras palavras:

 … muitas vezes acontece, mais fatiga o que não se faz, repousar é tê-lo feito.

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