terça-feira, 6 de novembro de 2012

OLHARES


Um pequeno restaurante popular, um entre tantos, algures em Lisboa.

A fotografia foi tirada em Agosto.

Na porta, uma folha A4 informava que encerrava para férias.

Mas quando nada se diz sobre quando voltam a abrir, sabe-se que isso não mais acontecerá.

Passei por lá há dias: continua encerrado para férias.

As coisas talvez fossem assim: mulher na cozinha, uma ajudante, homem ao balcão, um ou dois empregados para o serviço de mesas.

A recessão, o aumento do IVA decretado pelo governo, de 13% para 23% levou a que a classe media baixa deixasse de ir aos restaurantes, mesmo os que tinham preços até então acessíveis.

Começaram a levar comida de casa, ou simplesmente, num qualquer snack, comem uma sopa e uma sandes.

Num repente, a classe média alta também deixou de frequentar restaurantes e os restaurantes de luxo, também não resistem à crise, e alguns já começaram a fechar portas.

A pior crise de sempre no sector da restauração está instalada.

A evasão fiscal continua a entrar no dia-a-dia.

Mas mesmo fugindo ao fisco, há quem não consiga algo mais do que andar a pagar impostos ao estado.
Antes de virem a ter mais e gravosos prejuízos, preferem fechar.

Encerrado para férias.

Nem todos cumprem os compromissos contratuais com os trabalhadores.

Muitos desses trabalhadores partiram para férias sem saberem que, quando regressassem, nada mais havia do que portas fechadas.

Multipliquem-se casos destes nos diversos sectores da actividade do país, uns pequenos, outros médios, outros grandes.

A raiva de uma crise, ou um país a ser, lentamente, destruído.

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