Naturalmente, não ficaram satisfeitos.
Sobre os distúrbios verificados frente à Assembleia da República, teria sido fácil identificar os desordeiros: estavam com máscaras e lenços à volta da cara.
Sabemos – já se vão conhecendo as caras, os gestos – que a polícia infiltra agentes nas manifestações.
Esses agentes, presentes na manifestação, sabiam quem eram os provocadores, os que estavam interessados em desacatos.
Mas não os isolaram.
Se eram meia dúzia, tal como o ministro da administração interna disse aos jornalistas, porquê a razão da violenta carga policial que aconteceu?
Apenas ao governo interessava que as coisas descambassem.
As primeiras páginas dos jornais de hoje, apenas, focaram os distúrbios, omitindo a greve geral dos trabalhadores.
Apenas ao governo interessa este tipo de jornalismo.
Vitor Dias, velha raposa, às 18,52 horas de ontem, no Tempo das Cerejas, interrogava-se:
Quantos textos e fotos sobre a greve geral estão neste momento nas redacções a ser cortados para dar lugar a fotos e textos dos actos de violência junto à Assembleia da República?
Os fins não são inconfessáveis.
Desde as primeiras imagens até ao seu final, conhecemos este filme.
Sabemos que não acaba bem.
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