Em Novembro de 1964, lançámos a canção Little Red Rooster, um blue puro e duro do Willie Dixon, com guitarra, slide e tudo. Foi uma decisão arrojada para a época. A ideia não agradava à editora, ao management, a mais ninguém fora nós mesmos. Mas sentíamo-nos na crista de uma onda, suficientemente confiantes para fazer finca-pé. A canção era quase um desafio à pop, o manifesto da nossa arrogância de então. I am the little rooster/Too lazy to crow for day. «Uma canção sobre um galo? Estamos mesmo a vê-la chegar a número um. Que imbecis...» Mas eu e o Mick insistimos. Vamos apertar com os gajos. É isso que se espera dos Rolling Stones. E foi esse disco que fez rebentar as comportas. De repente, tinhas o Muddy e o Howlin'Wolf e o Buddy Guy com as agendas cheias. Foi um passo em frente decisivo. E chegou mesmo ao primeiro lugar. Estou certo de que, depois disso, o Berry Gordon, na Motown, se sentiu mais confiante para exercer pressão noutras frentes. E o êxito do disco também contribuiu para o rejuvenescimento dos blues de Chicago.
Keith Richards em Life
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