Os pais eram chamados à esquadra, com multa e sermão.
Nunca entendi a sanha das autoridades contra as nossas bolas de trapos.
Vigiavam-nos como se fôssemos a quadrilha Al Capone. Tínhamos sempre uma
sentinela à esquina para avisar quando vinha o polícia. Uma espécie de estado
de terror que nos levava a jogar com o coração aos saltos. Percebíamos que a
actividade era um pouco ilegal, mas não nos entrava na cachimónia que fôssemos
considerados inimigos públicos. Com o tempo, felizmente, a ofensiva assanhada foi
diminuindo. Alguém se terá lembrado de que as bolas de trapos não eram
instrumentos de revolução. Por aí, o Poder podia dormir descansado.
Dinis Machado
em A Liberdade do Drible
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