O que se lê na contracapa do livro é a sua sinopse:
«Na Lisboa de finais dos
anos noventa, um jovem escritor em crise vê o seu caminho cruzar-se com o de um
grande escritor. Dessa relação, nasce uma história que mescla realidade e
ficção, um jogo de espelhos que coloca em evidência alguns dos desafios maiores
da literatura.
A ousadia de transformar
José Saramago em personagem e de chamar Autobiografia a um romance é apenas o
começo de uma surpreendente proposta narrativa que, a partir de certo ponto,
não se imagina como poderá terminar. José Luís Peixoto explora novos temas e
cenários e, ao mesmo tempo, aprofunda obsessões, numa obra marcante, uma
referência futura.»
Maria do Rosário Pedreira, no seu blogue Horas Extraordinárias,
aborda, deste modo, o livro:
«Para começar, é bastante
intrigante chamar a um romance Autobiografia; e talvez seja ainda um maior
atrevimento meter dentro de uma Autobiografia o autor de romances
José Saramago (sim, o nosso Nobel da Literatura) e um autor mais jovem que tem
com ele uma relação formal e reverente, a quem é encomendada uma biografia do
grande escritor (biografia que ele tentará transformar numa obra de cariz
ficcional, como, de resto, é o próprio romance que estamos a ler). Podíamos
também pensar, já agora, que o romance que estamos a ler é autobiográfico
(afinal, José Luís Peixoto recebeu o Prémio Literário José Saramago das mãos do
próprio Saramago) e que o protagonista, que devia escrever a biografia de
Saramago, mas nunca o faz, é o próprio autor desta Autobiografia (que,
por acaso, é um romance).»
Não desgostei da leitura da Autobiografia, é uma muito
interessante proposta, mas perdi-me por ali. E detesto perder-me na leitura dos
livros.
Acontece, meus caros.
Mas Miguel Real, na crítica que publicou no JL, qualifica Autobiografia como
o melhor romance português publicado até ao Verão de 2019 e deixara aviso:
«A estrutura temporal
de Autobiografia é, assim, um tempo de acumulação de acontecimentos
cuja presumível unidade ou fil rouge só pode ser conferido pelo
leitor. É a grande participação do leitor, prestar unidade ao que é mostrado
multiplamente, detectar o todo onde só se vê partes. Autobiografia exige,
assim, um leitor nada preguiçoso, aliás, convidado pelo narrador a participar,
já que em certos momentos, fundem-se narração da realidade exterior e a própria
realidade exterior, narrador e leitor.»
Falhei.
Onde e como?
É por isso que, lá mais para a frente, terei que regressar à sua
leitura, pois então!
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