Miguel Torga diz que
o homem é em si uma solidão:
«Nascemos sós,
vivemos sós, morremos sós.»
Buscar aquele livro
do Ray Bradbury «A Morte é um Acto Solitário», citar o espantoso início:
«Veneza, na
Califórnia, tinha, nos velhos tempos, muito que a pudesse recomendasse a quem
gostasse de estar triste. Era o nevoeiro quase todas as noites, e era, ao longo
da costa, o gemer das máquinas nos poços de petróleo, e o bater da água suja
nos canais, e o zumbir da areia a roçar as vidraças, quando o vento assobiava à
volta das praças e ao longo das ruas desertas.
Era no tempo em que o
pontão de Veneza, a cair aos bocados, morria no mar. E podia ver-se então
gigantesca ossada de dinossauro, a montanha-russa, a coberto ou a descoberto,
com o vaivém das marés.
No fim de um longo
canal, viam-se as caravanas de um circo, decrépitas, para lá atiradas e
abandonadas. E quem olhasse para as jaulas, à meia-noite, veria que lá dentro
havia vida – peixes e camarões de água doce, que andavam ao sabor da maré. E
tudo isto, afinal, era o circo do tempo, feito ruína, desfazendo-se em
ferrugem.»
Ou fazer deslizar a
agulha do gira-discos por um velho vinil de Brel:
«E que todos se
divirtam como loucos, que todos dancem. No dia em que me meterem na cova.»
1 comentário:
Jacques Brel um interprete fabuloso.
.
Feliz fim de semana
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