Pego na folha de papel,
onde o bolor do poema se infiltrou, levanto-a contra a luz, distingo a marca de
água (uma ténue figura emblemática) e deixo-a cair. Quase sem peso, embate na
parede, hesita, paira como as folhas das árvores no outono (o mesmo voo morto,
vegetal) e poisa sobre a mesa para ser o vagaroso estrume doutro poema.
Carlos de Oliveira em Sobre o Lado Esquerdo
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