sexta-feira, 13 de novembro de 2020

...E OS DIAS DIMINUEM

 


Sexta-feira 13.

Dia de azar.

Feitiços. Bruxas. Gatos pretos. Não passes por debaixo de escadas. Não abras o chapéu-de-chuva dentro de casa. Não tenhas relógios parados dentro de casa.

Em tempo de pandemia valerá a pena falar de sextas-feiras 13?

Bluff absolutamente inútil?

O papel todo branco à espera, ninguém sabe bem de quê!...

1.

Portugal registou hoje 6.653 novos casos de covid-19, um novo máximo diário, que aumenta para 204.664 o total acumulado de infetados no país desde o início da pandemia.

Nas últimas 24 horas morreram mais 69 pessoas devido ao novo coronavírus. No total, o país soma já 3.204 vítimas mortais.

Covid-19 justifica menos de metade dos mortos em excesso do último mês.

Estado paga 8.400 euros aos privados por cada doente Covid-19.

2.

Marcelo Rebelo de Sousa não gostou da solução de governação para os Açores.

3.

Ana Sá Lopes no editorial do Público de hoje: «Deixem-se de coisas: o PS apoia Marcelo»

4.

Quando em Março, face ao confinamento, todos sorriram quando os cinco anos do neto João perguntou se ia haver Natal.

Marcelo, para a semana, vai ouvir os partidos, em Dezembro reunirá o Conselho de Estado. Nestas reuniões espera que se determine aquilo com que contam os portugueses a partir de Dezembro.

«Fui o primeiro a dar a má notícia de que tinha de se mudar o estilo de Natal que sempre tivemos. Os portugueses têm de saber com antecedência o que vai acontecer no Natal.»

5.

Na passada terça-feira, com 83 anos, morreu o jornalista e escritor Artur Portela,Filho. Uma personalidade original, acutilante, mordaz, cáustico, anti-comunista, dizia-se o melhor cronista português, desdenhava dos que não conseguiam escrever como ele.

Antes do 25 de Abril escrevia no jornal República crónicas que intitulou A Funda, parcial e totalmente cortadas pela censura marcelista, mais tarde reunidas e publicadas em livro pela Moraes Editora.

Lembro-me de uma dessas crónicas, Abril de 1972, intitulada «Benfica, Reserva de Povo». Começava assim:

«A estes ninguém os meteu em autocarros.

São oitenta mil e foram eles que escreveram os cartazes.»

Mais á frente:

«O Benfica é, ainda, uma das raras solidariedades possíveis. Uma das únicas viáveis. Uma das poucas maneiras de ser povo.»

E pelo meio deixava perguntas:

«Que se deixou cair que o Benfica tenha apanhado do chão?

Que não se faz que o Benfica tente?

Que nos falta que o Benfica ouse?»

Em Maio de 1971, Mário Castrim criticou uma sua intervenção no programa «Canal 18» da RTP. Artur Portela não gostou e respondeu no dia seguinte no «Diário de Lisboa». Castrim deixou-lhe uma contra-resposta que começava, deliciosamente, assim:

«Ó Portela! Ó Filho! Assim se perde de um só golpe, a fama de intelectual valoroso, intemerato, glorioso há tantos anos preparada.»

Numa entrevista ao Público, Setembro de 2018, em tempo de Assunção Crista ser presidente do CDS, Artur Portela venenosamente, disse:

«Assunção Cristas ideologicamente é uma stripper.»

Legenda: pintura de Joseph Tomanek

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