Quando
nos morre alguém, para lá de tudo o mais, passa a existir um espaço mental e
físico desalinhado. Quem perdemos fazia parte de um ritmo antigo, de uma
repetição cadenciada de experiências que se nos entranhou na pele. Esta
perturbação é mais subtil do que a tristeza imensa, mas não menos letal.
Aparece sob a forma de uma cadeira vazia à mesa de jantar, coisa com a qual já
contávamos mas que mesmo assim nos surpreende; como uma campainha habitualmente
pontual mas agora inexplicavelmente muda; ou, ainda, vestida de uma voz cujo
silêncio, naquele exacto momento, nos arranca as orelhas.
segunda-feira, 2 de novembro de 2020
POSTAIS SEM SELO
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