sexta-feira, 20 de setembro de 2024

A LEVEZA TERRÍVEL DAS SUSPEITAS MONTEGRINAS


Alguém disse ao primeiro-ministro Montenegro que, nos cafés da província se diz que os incêndios são despoletados por uns tolos, por gentes sem qualquer ponta de escrúpulos que querem de qualquer maneira arranjar uns cobres para a droga, para o vinho, amalucados pagos por madeireiros.

E Montenegro, com Marcelo ao lado, pôs a pata na poça, e disse ao povo que o governo não daria descanso a esses energúmenos.

Daniel de Oliveira no Expresso:

«Montenegro conseguiu que tudo o que é político, do ordenamento do território à invasão do país pelo eucalipto, da economia da floresta às falhas iniciais destes incêndios, desaparecesse. Sem perguntas, com o Presidente como escudo e a ministra da Administração Interna fechada numa cave durante os dias mais críticos, fez do fogo posto o tema central, lançando suspeitas vagas e prometendo substituir-se à polícia. Assim, o Governo passou de ator político a vítima do crime, desviando as atenções para o que enoja todos. Em comparação com 2017, demonstra génio na comunicação política. Mas isso chega?»

Pedro Tadeu no Diário de Notícias:

« O antigo primeiro-ministro António Costa governava quando ocorreu uma enorme tragédia com incêndios. Todos sabemos que nesse ano de 2017, somando os incêndios em Pedrógão Grande, Oliveira do Hospital, Tábua, Arganil e outros, contaram-se 116 mortes.

Com o país em estado de choque, o então primeiro-ministro António Costa, apoiado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, prometeu uma verdadeira revolução na gestão florestal para a tornar mais resistente aos fogos; anunciou a obrigatoriedade dos proprietários rurais cortarem, todos os anos em maio, o mato que estivesse próximo de habitações; criou operações de limpeza e de abertura de faixas de contenção no meio do arvoredo; prometeu um grande recenseamento dos terrenos para se saber quem era dono do quê e para planear emparcelamentos que facilitassem a conservação dessas áreas; modificou o funcionamento da Proteção Civil e a sua ligação aos bombeiros criando uma entidade especializada no combate a fogos rurais; garantiu, na União Europeia, o apoio de reforços aéreos de combate a incêndios sempre que fosse preciso; lançou não sei quantas campanhas de sensibilização e vários sistemas de avisos das populações sobre incêndios, que foram da publicidade institucional às mensagens telefónicas que nos perturbam os telemóveis.Tivemos, depois desses e de outros anúncios, seis anos de relativo sossego florestal.

Sete anos depois vejo na televisão o atual primeiro-ministro, Luís Montenegro, apoiado pelo Presidente da República, o mesmo Marcelo Rebelo de Sousa de 2017, consternados com as, até agora, sete mortes provocadas pelos incêndios dos últimos dias.»

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