Quoi! Tout nu! dira-t-on, n’avait-il pas de honte?
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Tout
est nu sur la terre, hormis l’hypocrisie.
Musset, Namouna
Nus
nascemos, nus
nos
inspecciona o médico,
a
tropa, o professor de ginástica.
Nus,
na mesa de operações,
na
cama de hospital,
na
da morte.
Nus
no amor para nos vermos,
sentirmos
a pele dos outros corpos e
para
mais que penetrarmos
termos
o choque e o roçar
que
nos dizem do quanto penetramos.
Nus
sempre, menos no que não importa.
Porque
há então quem tema tanto
a
nudez dos outros? Será
que
teme, menos que o feio
de
muitos, a beleza de
alguns,
ou o fascínio das
esplêndidas
partes
de
uns raros? E que, paralisados
(de
inveja), deixemos que o mundo e a vida
se
soltem à deriva
para
a nua liberdade?
1968-69
Jorge
de Sena em Peregrinatio Ad Loca Infecta
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