quarta-feira, 25 de setembro de 2024

OLHAR AS CAPAS


Portugal Contemporâneo

Oliveira Martins

Guimarães Editores, Lisboa 1953

 

S.M. fora a Belém comer uma merenda. Era nos primeiros dias de março. Quando voltou ao pal´cio achou-se, à noite, mal – câibras, sintomas de epilepsia. Vieram médicos: o barão de Alvaiázere e o valido cirurgião Aguiar. No dia seguinte (5) o estado do enfermo piorou, e o rei decidiu-se a despir de si o pesado encargo do Governo. A 7, a Gazeta publicava o decreto nomeando a Regência, presidida pela  infanta D. Isabel Maria cuja bondade merecia as graças particulares do infeliz pai.

«Esta minha imperial e real determinação, afirmava o decreto do dia 6, regulará também para o caso em que Deus seja servido chamar-me à sua santa glória, enquanto o legítimo herdeiro e sucessor desta coroa não der as suas providências…» Mas quem era esse legítimo herdeiro? D. Pedro, o brasileiro? D. Miguel no seu desterro de Viena? Não o dizia o rei moribundo que toda a vida se achara indeciso, e acabava como tinha existido, sem uma afirmação de vontade, entre flatos, na impotência de uma morte oportuna. 

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