Portugal Contemporâneo
Oliveira Martins
Guimarães Editores,
Lisboa 1953
S.M. fora a Belém comer uma merenda. Era nos primeiros dias de março.
Quando voltou ao pal´cio achou-se, à noite, mal – câibras, sintomas de
epilepsia. Vieram médicos: o barão de Alvaiázere e o valido cirurgião Aguiar.
No dia seguinte (5) o estado do enfermo piorou, e o rei decidiu-se a despir de
si o pesado encargo do Governo. A 7, a Gazeta publicava o decreto nomeando a
Regência, presidida pela infanta D.
Isabel Maria cuja bondade merecia as graças particulares do infeliz pai.
«Esta minha imperial e real determinação, afirmava o decreto do dia 6, regulará também para o caso em que Deus seja servido chamar-me à sua santa glória, enquanto o legítimo herdeiro e sucessor desta coroa não der as suas providências…» Mas quem era esse legítimo herdeiro? D. Pedro, o brasileiro? D. Miguel no seu desterro de Viena? Não o dizia o rei moribundo que toda a vida se achara indeciso, e acabava como tinha existido, sem uma afirmação de vontade, entre flatos, na impotência de uma morte oportuna.
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