Directa
Nuno Bragança
Capa de Manuel Luiz Bragança
Colecção Círculo de Prosa
Moraes Editores, Lisboa, Setembro de 1977
Silêncio, outra vez. “Henrique”, insistiu o homem. “Companheiro Henrique, porque é que você deixou o Partido”? O homem calou-se e deixou que o silêncio os envolvesse. Quando já quase não esperava resposta o outro retomou a fala.
“Sabe”, disse o Henrique. “Há pessoas convencidas, de que dizer mal do Partido é ter cartão revolucionário. Mas acontece que esse cartão só é passado pelo dar do corpo ao manifesto na grande caminhada para o comunismo. E dos poucos portugueses vivos que merecem esse cartão, a grande maioria milita ou militou no Partido. E ao longo de quase quarenta anos de salazarismo o Partido Comunista Português foi o movimento que mais trabalhou pela Revolução, e isso no esforço de homens, mulheres e até crianças, gente que passou coisas que não pode imaginar quem não as passou. Por tudo isso, uma parte do povo português vê no Partido uma força que lutou por ele, e nosso tem razão e faz um acto de justiça. E esse sentimento justo, não há outras forças de esquerda que possam destruí-lo.
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