As Raparigas de Sanfrediano
Vasco Pratolini
Tradução de João
Terra
Capa de Bernardo
Marques
Colecção
Miniatura nº 66
Livros do
Brasil, Lisboa, s/d
Sanfrediano é a pequena república das trabalhadoras ao
domicílio: são manipuladoras de palha, costureiras de alfaiate, engomadeiras, palheireiras
de cadeiras, que da sua fadiga, nas horas roubadas aos cuidados da casa, tiram
o complemento de que necessita uma família, quase sempre numerosa, à qual o
trabalho do chefe fornece, quando fornece, o pão e o conduto.
Esta gente de Sanfrediano, que representa a parte mais
plebeia e mais vivaz dos florentinos, é a única que conserva autêntico o
espírito de um povo que até da própria grosseria soube tirar graça e do seu
génio, de verdade, uma perpétua impertinência. Os sanfredianos são sentimentais
e cruéis ao mesmo tempo; a sua ideia de justiça é figurada pelas vestes do
inimigo penduradas num candeeiro; e a sua imagem do paraíso, exemplificada num
provérbio, é poética e vulgar: um lugar utópico onde há abundância de milho e
penúria de aves.
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